Resenha: Prisioneiros do Inverno, de Jennifer McMahon

by - segunda-feira, julho 27, 2015

Peguei Prisioneiros no Inverno sem muita expectativa. Mas me surpreendi, e de maneira muito positiva, pois o livro tem partes assustadoras. O livro inteiro tem um ou dois personagens masculinos de destaque, enquanto todo o restante é composto por mulheres, o que também me surpreendeu muito. Mulheres essas que são bem construídas, ativas, com diversas camadas de complexidade. Um livro muito, mas muito bom mesmo.




Sinopse:
Muitos acreditam que a pequena cidade de West Hall seja mal-assombrada. Ao longo de sua história, vários casos de pessoas desaparecidas foram registrados na região mistérios nunca desvendados. Alguns moradores inclusive juram que o espírito de Sara Harrison Shea, encontrada morta em 1908, ainda vague pelas ruas à noite.

A jovem Ruthie acredita que tudo não passa de uma grande bobagem. Porém, quando sua mãe desaparece sem deixar vestígios, ela começa a desconfiar de que aquela região guarda algum mistério, e suas suspeitas são reforçadas quando ela e a irmã encontram uma cópia do diário de Sara escondido em casa. Na busca pela mãe, Ruthie encontra respostas perturbadoras, e ela pode ser a única pessoa capaz de evitar que um grande mal aconteça.


O livro

O livro começa mostrando o diário de Sarah Harrison Shea, uma mulher que foi assassinada em 1908. A cidade de West Hall carrega esse e outros amargos acontecimentos sob um véu de silêncio. Muito mistério ronda a história de Sarah e de outros habitantes na cidade que morreram ou desapareceram. Mas em seu diário, onde ela começa contando coisas que viu desde menina, temos uma visão bem profunda de sua vida e de seu relacionamento com Titia, uma mulher que a sociedade chamava de "feiticeira" e que assumiu a criação de Sarah e seu irmão depois da morte da mãe das crianças.

A casa de Sarah fica perto da Mão do Diabo, uma feição natural feita de pedras que lembra o formato de uma mão. As pessoas normalmente têm medo de ir lá, pois dizem que pessoas morreram e sumiram ao chegar perto das pedras. É entre suas memórias que descobrimos que ela viu um 'dormente' quando criança. Um dormente era alguém que morreu e foi reanimado por meio de um ritual. Sarah mal podia acreditar ao ver uma amiga andando pela floresta, com a mãe da menina em seu encalço, pedindo que Sarah não falasse nada. Foi um jeito muito interessante de se utilizar dos zumbis.

O livro vai e vem várias vezes pelas memórias de Sarah em seu diário, onde ficamos sabendo que ela casou e teve uma filha chamada Gertie, que amava profundamente. E na atualidade acompanhamos a vida de Ruthie, uma adolescente que, como todos os outros, não se contenta com a vida monótona que leva em West Hall. Uma noite, meio bêbada, ela chega em casa e fica feliz por não receber nenhum sermão da mãe. Mas no dia seguinte percebe que ela desapareceu.

Enquanto Ruthie e a irmã pequena vasculham a casa em busca de pistas para o que pode ter acontecido com a mãe, encontram uma cópia do diário de Sarah, que tinha virado livro, mesmo com algumas páginas faltando. E enquanto lemos estes dois universos descobrimos uma terceira mulher, Katherine, que se muda para West Hall após a morte do marido em um acidente de carro. Ela descobre que seu último paradeiro tinha sido essa cidade, onde ele conversa com uma misteriosa mulher de trança.

Não parece, mas os três enredos têm em comum a Mão do Diabo e o diário de Sarah. E chega um momento em que achamos que Sarah está completamente louca, ao menos é isso que seu marido acredita, e que todo mundo que tem contato com o livro de seu diário acaba tendo essa impressão também. O suspense em algumas partes é tão intenso que você quer parar de ler e continuar lendo ao mesmo tempo, pois os cenários são sombrios e em alguns momentos assustadores.

Título Original: Winter People
Autora: Jennifer McMahon
Páginas: 340
Ano: 2014
Editora: Record


Avaliação

Se a autora tivesse despejado toda a história de Sarah no começo, o livro perderia a graça. O modo como ela calibrou as partes entre o passado e o presente tornam o livro delicioso de ler. Você fica angustiada, com medo, temendo o que pode vir a seguir. Existem mortos, gente voltando dos mortos, amor e medo sendo despejados em cima do leitor de uma maneira que a gente não quer largar a leitura de jeito nenhum, mesmo suando frio com as situações em que os personagens se encontram.

As protagonistas são todas diferentes umas das outras, o que é ótimo. Cada uma representando um tempo diferente, vivências diferentes e muita determinação. Não é um livro em que os estereótipos, quando existem, sejam mal trabalhados, ao contrário, tornaram as personagens mais vivas e críveis.

Sem medo nenhum, ponho cinco corujas para o livro e recomendo que você leia, mas não leia à noite!

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2 comentários

  1. Gente, ok você me convenceu. EU PRECISO ler esse livro! (Porque sim, eu evito certas leituras, mas se tem alguém que eu confio falando bem, eu realmente fico muito interessada em colocar na lista de leitura).

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    1. Acho que você vai suar frio como eu suei, miga! rs

      Porque ele é muito tenso. E vc não quer parar. SE JOGA!

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